terça-feira, 13 de agosto de 2013
domingo, 30 de junho de 2013
minhas 7 quedas
minha primeira queda
não abriu o pára-quedas
daí passei feito uma pedra
pra minha segunda queda
da segunda à terceira queda
foi um pulo que é uma seda
nisso uma quinta queda
pega a quarta e arremeda
na sexta continuei caindo
agora com licença
mais um abismo vem vindo
P. Leminski em Toda Poesia
não abriu o pára-quedas
daí passei feito uma pedra
pra minha segunda queda
da segunda à terceira queda
foi um pulo que é uma seda
nisso uma quinta queda
pega a quarta e arremeda
na sexta continuei caindo
agora com licença
mais um abismo vem vindo
P. Leminski em Toda Poesia
você
que a gente chama
quando gama
quando está com medo
e mágua
quando está com sede
e não tem água
você
só você
que a gente segue
até que acaba
em xeque
ou em chamas
qualquer som
qualquer um
pode ser tua voz
teu zumzumzum
todo susto
sob a forma
de um súbito arbusto
seixo solto
céu revolto
pode ser teu vulto
ou tua volta
P. Leminski em Toda Poesia
que a gente chama
quando gama
quando está com medo
e mágua
quando está com sede
e não tem água
você
só você
que a gente segue
até que acaba
em xeque
ou em chamas
qualquer som
qualquer um
pode ser tua voz
teu zumzumzum
todo susto
sob a forma
de um súbito arbusto
seixo solto
céu revolto
pode ser teu vulto
ou tua volta
P. Leminski em Toda Poesia
nascemos em poemas diversos
destino quis que a gente se achasse
na mesma estrofe e na mesma classe
no mesmo verso e na mesma frase
rima à primeira vista nos vimos
trocamos nossos sinônimos
olhares não mais anônimos
nesta altura da leitura
nas mesmas pistas
mistas a minha a tua a nossa linha
P. Leminski em Toda Poesia
destino quis que a gente se achasse
na mesma estrofe e na mesma classe
no mesmo verso e na mesma frase
rima à primeira vista nos vimos
trocamos nossos sinônimos
olhares não mais anônimos
nesta altura da leitura
nas mesmas pistas
mistas a minha a tua a nossa linha
P. Leminski em Toda Poesia
terça-feira, 11 de junho de 2013
desmontando o frevo
desmontando
o brinquedo.
eu descobri
que o frevo
tem muito a ver
com certo
jeito mestiço de ser
um jeito misto
de querer
isto e aquilo
sem nunca estar tranquilo
com aquilo
nem com isto
de ser meio
e meio ser
sem deixar
de ser inteiro
e nem por isso
desistir
de ser completo
mistério
eu quero
ser o janeiro
a chegar
em fevereiro
fazendo o frevo
que eu quero
chegar na frente
em primeiro
p. leminski em Toda Poesia
o brinquedo.
eu descobri
que o frevo
tem muito a ver
com certo
jeito mestiço de ser
um jeito misto
de querer
isto e aquilo
sem nunca estar tranquilo
com aquilo
nem com isto
de ser meio
e meio ser
sem deixar
de ser inteiro
e nem por isso
desistir
de ser completo
mistério
eu quero
ser o janeiro
a chegar
em fevereiro
fazendo o frevo
que eu quero
chegar na frente
em primeiro
p. leminski em Toda Poesia
terça-feira, 23 de abril de 2013
ABAIXO O ALÉM
de dia
céu com nuvens
ou céu sem
de noite
não tendo nuvens
estrela
sempre tem
quem me dera
um céu vazio
azul isento
de sentimento.
PROFISSÃO DE FEBRE
quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento
p. leminski em La vie en close
DONNA MI PRIEGA
se amor é troca
ou entrega louca
discutem os sábios
entre os pequenos
e os grandes lábios
no primeiro caso
onde começa o acaso
e onde acaba o propósito
se tudo o que fazemos
é menos que amor
mas ainda não é ódio?
a tese segunda
evapora em pergunta
que entrega é tão louca
que toda espera é pouca?
qual dos cinco mil sentidos
está livre de mal-entendidos?
P. Leminski em La vie en close
ou entrega louca
discutem os sábios
entre os pequenos
e os grandes lábios
no primeiro caso
onde começa o acaso
e onde acaba o propósito
se tudo o que fazemos
é menos que amor
mas ainda não é ódio?
a tese segunda
evapora em pergunta
que entrega é tão louca
que toda espera é pouca?
qual dos cinco mil sentidos
está livre de mal-entendidos?
P. Leminski em La vie en close
domingo, 10 de março de 2013
ERRA UMA VEZ
ERRA UMA VEZ
nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez
P. Leminski em La vie en close
nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez
P. Leminski em La vie en close
sábado, 9 de março de 2013
você está muito sensata
acho bom
consultar um psicopata
esta vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem
a noite-enorme
tudo dorme
menos teu nome
amar é um elo
entre o azul
e o amarelo
acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido
pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando
acho bom
consultar um psicopata
esta vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem
a noite-enorme
tudo dorme
menos teu nome
amar é um elo
entre o azul
e o amarelo
acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido
pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando
terça-feira, 5 de março de 2013
minhas 7 quedas
minha primeira queda
não abriu o pára-quedas
daí passei feito uma pedra
pra minha segunda queda
da segunda à terceira queda
foi um pulo que é uma seda
nisso uma quinta queda
pega a quarta e arremeda
na sexta continuei caindo
agora com licença
mais um abismo vem vindo
P. Leminski
em Caprichos e Relaxos
não abriu o pára-quedas
daí passei feito uma pedra
pra minha segunda queda
da segunda à terceira queda
foi um pulo que é uma seda
nisso uma quinta queda
pega a quarta e arremeda
na sexta continuei caindo
agora com licença
mais um abismo vem vindo
P. Leminski
em Caprichos e Relaxos
domingo, 17 de fevereiro de 2013
domingo, 3 de fevereiro de 2013
já dizia Leminski: “poeta não é só quem faz poesia. É
também quem tem sensibilidade para entender e curtir poesia. Mesmo que nunca
tenha arriscado um verso. Quem não tem senso de humor, nunca vai entender a
piada”.
inverno
primavera
poeta é
quem se considera
Paulo Leminski em Não fosse isso e era menos, não fosse tanto e era quase e Caprichos e Relaxos
inverno
primavera
poeta é
quem se considera
Paulo Leminski em Não fosse isso e era menos, não fosse tanto e era quase e Caprichos e Relaxos
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Alma polaca
meu coração de polaco voltou
coração que meu avô
trouxe de longe pra mim
um coração esmagado
um coração pisoteado
um coração de poeta
Paulo Leminski em Polonaises e Caprichos e Relaxos
Paulo Leminski em Polonaises e Caprichos e Relaxos
Leminski gostava muito de falar de poesia na própria poesia, se preocupava com o fazer poético. Em seu livro Distraídos Venceremos, o primeiro e segundo capítulo são dedicados aos metapoemas. Neste livro seus poemas continuam, assim como em Caprichos e Relaxos, com os jogos de palavras que dão diferentes sentidos a uma mesma expressão, uma de suas principais características.
Em m, de memória, no seu jogo de palavras vemos a sua literatura e rememoramos a literatura dos vários outros autores que cita.
m, de memória
Os livros sabem de cor
milhares de poemas.
Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
Um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.
Paulo Leminski em distraídos venceremos
no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela - silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas
Paulo Leminski em distraídos venceremos
RAZÃO DE SER
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Paulo Leminski em distraídos venceremos
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